O Diogo. Como é que hei-de explicar? O Diogo é um rapaz que se não parece em nada, absolutamente em nada, com os outros. O que gosto mais nele é talvez dos olhos, ou é mesmo a maneira que ele tem de olhar. Quando olha para uma árvore, ou para uma pedra, ou para uma formiga, temos a impressão que para ele não há nada mais importante. Tem uma testa alta. Ao longe, conhecia-o sempre pela testa. E o cabelo, o cabelo castanho e fininho, assim muito macio. Ondulado nas pontas. Parece que estou a vê-lo. No dia em que o conheci trazia uma camisola verde de gola alta. Verde seco. Contou-me que escreve poemas. Que todas as vezes que escrevia era como se resolvesse um problema, depois ficava livre. É assim, é assim o Diogo.
Olga Gonçalves
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