segunda-feira, 8 de outubro de 2007

7ª aula - 8 de Outubro de 2007



A casa era grande, branca e antiga. Em sua frente havia um pátio quadrado. À direita havia um laranjal onde noite e dia corria uma fonte. À esquerda era o jardim de buxo, húmido e sombrio, com as suas camélias e seus bancos de azulejos.
A meio da fachada que dava para o pátio havia uma escada de granito coberta de musgo. Em frente dessa escada, do outro lado do pátio, ficava o grande portão que dava para a estrada.
A parte de trás da casa era virada ao poente e das suas janelas debruçadas sobre pomares e campos via-se o rio que atravessa a várzea verde e viam-se ao longe os montes azulados cujos cimos em certas tardes ficavam roxos.
Nas vertentes cavadas em socalco crescia a vinha.
À direita, entre a várzea e os montes, crescia a mata, carregada de murmúrios e perfumes e que os Outonos tornavam doirada.

Sophia de Mello Breyner Andresen, "O Jantar do Bispo"



7ª aula - 8 de Outubro de 2007



Veneza, construída à beira do mar Adriático sobre pequenas ilhas e sobre estacas, era nesse tempo uma das cidades mais poderosas do Mundo.
As ruas eram canais onde deslizavam estreitos barcos finos e escuros. Os palácios cresciam das águas que reflectiam os mármores, as pinturas, as colunas.
Aérea e leve a cidade pousava sobre as águas verdes, ao longo da sua própria imagem.
[...] degraus de mármore, os mosaicos de oiro, as solenes estátuas de bronze, as águas trémulas dos canais onde se reflectiam as leves colunas dos palácios cor-de-rosa, as pontes, os muros cobertos de sumptuosas pinturas, as igrejas e as torres.
Era igual às cidades encantadas que as fadas fazem aparecer no fundo dos lagos e dos espelhos.


Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca



sábado, 6 de outubro de 2007

6ª aula - 4 de Outubro de 2007




Era uma figura muito magra, muito esguia, muito encurvada, de pescoço muito alto, cabeça pequena, que se mostrava inteiramente desenhada a preto intenso e amarelo desmaiado.

Cobria-a uma sobrecasaca justa e preta, abotoada até à barba, uma gravata preta, umas calças pretas. Tinha as faces lívidas e magríssimas, o cabelo corredio muito preto, do qual se destacava uma madeixa irregular, ondulante, na testa pálida que parecia estreita, sobre os olhos cobertos por lunetas fumadas, de aros muito grossos e muito negros. Um bigode farto, e também muito preto, caía aos lados da boca grande e entreaberta onde brilhavam dentes brancos. As mãos longas, de dedos finíssimos e cor de marfim velho, na extremidade de dois magros e longuíssimos braços, faziam gestos desusados com uma badine** muito delgada e um chapéu de copa alta e cónica, mas de feltro baço, como os chapéus do século XVI.

Era o Eça de Queirós.

Jaime Batalha Reis, Prosas Bárbaras

** badine - substantivo feminino

1 bengala leve e flexível, frequentemente trabalhada, usada no passado por homens elegantes

2 haste delgada e flexível que faz de chicote




quinta-feira, 4 de outubro de 2007

6ª aula - 4 de Outubro de 2007




FICHA - 1

1. Indicar o antónimo de:

magra -

encurvada -

pequena -

alto -

preto -

cobria-a -

justa -

abotoada -

pálida -

grossos -

longas -

velho -

puro -

vivos -

estreita -

simétrico -

fina -

pouco -

2. Adjectivo – substantivo

Exemplos: quem é sincero mostra sinceridade

quem é orgulhoso mostra orgulho

2.1. Que mostra quem é:

mau -

sensível -

corajoso -

prudente -

estúpido -

fiel -

generoso -

agressivo -

terno -

curioso -


  1. Reler o texto de Jaime Batalha Reis e indicar:

3.1. dois nomes comuns -

3.2. um nome próprio -

3.3. cinco adjectivos -

3.4. três verbos no pretérito imperfeito do indicativo

3.5. um determinante artigo indefinido -

3.6. duas preposições -




segunda-feira, 1 de outubro de 2007

5ª aula - 1 de Outubro de 2007



Maria da Lua… o nome ficava-lhe bem. Não era igual às outras crianças, era, como dizia a mãe, pior e melhor. Gostava de ir ao sótão, às escuras, para sentir na pele o arrepio do medo; subia às árvores mais altas e atirava-se de lá de cima, às cegas, «para aprender a voar»; não mentia nunca para se desculpar, para evitar um castigo, mas gostava de acrescentar à verdade aquele pó de fantasia que é o sal da vida; não chorava ruidosamente como as crianças, chorava em silêncio, com um grande espanto nos olhos, como se acabasse de descobrir, naquele instante, toda a maldade, toda a injustiça do mundo. Não, não era igual às outras crianças…

Fernanda de Castro




5ª aula - 1 de Outubro de 2007



O Diogo. Como é que hei-de explicar? O Diogo é um rapaz que se não parece em nada, absolutamente em nada, com os outros. O que gosto mais nele é talvez dos olhos, ou é mesmo a maneira que ele tem de olhar. Quando olha para uma árvore, ou para uma pedra, ou para uma formiga, temos a impressão que para ele não há nada mais importante. Tem uma testa alta. Ao longe, conhecia-o sempre pela testa. E o cabelo, o cabelo castanho e fininho, assim muito macio. Ondulado nas pontas. Parece que estou a vê-lo. No dia em que o conheci trazia uma camisola verde de gola alta. Verde seco. Contou-me que escreve poemas. Que todas as vezes que escrevia era como se resolvesse um problema, depois ficava livre. É assim, é assim o Diogo.

Olga Gonçalves




5ª aula - 1 de Outubro de 2007




RETRATO

¨ Retrato é a descrição das personagens.

¨ No retrato considerar dois aspectos:

¨ o físico

¨ o psicológico

¨ Num retrato, pensar nos meios que permitem enriquecer este tipo de textos:

¨ Emprego predominante do pretérito imperfeito

¨ Escolha cuidada dos adjectivos

¨ Uso expressivo de verbos e advérbios

¨ Utilização de outros recursos de estilo como, por exemplo, a comparação, a metáfora, as enumerações.

¨ RETRATO PSICOLÓGICO – o mais completo possível para que o leitor possa perceber e compreender as características da personagem.

¨ RETRATO FÍSICO e RETRATO PSICOLÓGICO – interligar os dois retratos.




5ª aula - 1 de Outubro de 2007




A DESCRIÇÃO

- DESCREVER é representar através de palavras:

- pessoas

- animais

- objectos

- paisagens

- ambientes


- Para uma boa descrição:

- observar atentamente;

- escolher o mais significativo;

- organizar os dados recolhidos.

- Na elaboração de um texto descritivo, dar atenção aos seguintes princípios:

  1. partir do geral (visão de conjunto) para o particular (atenção ao pormenor).
  2. utilizar os recursos adequados:
  • vocabulário relativo a sensações (visuais, auditivas gustativas, tácteis, etc.).
  • enumeração de elementos.
  • adjectivos e advérbios
  • verbos (principalmente no presente e no pretérito imperfeito do indicativo).
  • figuras de estilo (em especial a metáfora, a comparação e a personificação).




 
http://www.dgidc.min-edu.pt/inovbasic/biblioteca/jornais/jornais-ler-fazer.doc